O Grêmio fez em 2011 exatamente 108 anos. É um clube centenário, e está entre os maiores do Brasil, com muitas conquistas e também decepções. Imagina-se que um clube com tanto tempo de vida tenha aprendido com seus acertos e erros os atalhos e macetes da boa administração, certo? Pois é, para os “administradores” dos últimos anos, parece que não.
Hoje em dia, é de costume que se use o Barcelona como clube exemplo de boa administração e bom futebol, e creio que ninguém discordaria disso. Muito se tem estudado o estilo de jogo da equipe catalã e sua forma de administração e muitas conclusões podem ser tiradas dessas análises. Mas tem um ponto fundamental que deveria ser seguido a risca por todos os clubes do mundo: Planejamento a longo prazo.
Vamos esmiuçar um pouco desse clube em uma linha do tempo bem resumida.
O clube foi fundado em 29 de novembro de 1899. Dessa data até 1922, o clube nem estádio tinha. Então construiu seu primeiro estádio, o Les Corts. De 1922 a 1957, o clube ganhou alguns sócios, porém continuava sendo apenas um simples time. Em 1974, o clube construiu o hoje muito famoso Camp Nou, seu estádio atual, como comemoração dos seus 75 anos. De 1974 até a década de 90, o clube teve apenas resultados razoáveis, sendo que começa nos anos 90 com a vinda de Johan Cruyff como técnico, e com uma filosofia nova de futebol, a grande ascensão no futebol mundial. Sendo que nos últimos, talvez, 5 anos tem sido considerado o melhor time do mundo.
Porque eu estaria descrevendo esse brevíssimo histórico do Barcelona? Pelo simples fato que, desde sua grande ascensão no futebol mundial com a nova filosofia de futebol de Johan Cruyff, a equipe tem jogado da mesma forma, com o mesmo esquema tático, trocando apenas as peças de reposição, sempre buscando jogadores com características semelhantes. Não se pode esquecer, que essa filosofia foi aplicada também as categorias de base do clube, ou seja, todos os jogadores formados na base sabem como devem proceder em campo quando solicitados no grupo principal.
Agora faço uma pergunta: Por quê um clube centenário como o Grêmio ainda nem sequer tem definido um esquema tático pra ser usado? Por quê ainda se treina um esquema tático na base e outro no grupo principal? Por quê a cada gestão troca-se tudo como se fosse um conceito defasado usar 4-4-2 ou 4-2-3-1 ou seja qual esquema for? Por quê se demitem funcionários a esmo e nem sequer pensar em continuidade?
Todas essa perguntas são frutos dos acontecidos dos últimos anos no tricolor. A vinda de Paulo Autuori (2009) teve foco também na base, sendo que este tentou aplicar alguns de seus conceitos e fazer algumas mudanças na base do Grêmio (http://esportes.terra.com.br/futebol/estaduais/2010/noticias/0,,OI4324157-EI14482,00-Gremio+segue+nova+filosofia+e+aposta+alto+na+base.html), como por exemplo ter o mesmo esquema tático na base e grupo principal.
Há poucas semanas, com a vinda de Paulo Pelaipe, novas mudanças na base gremista foram feitas (http://www.correiodopovo.com.br/Esportes/?Noticia=325886). Essas notícias são apenas exemplos recentes de que não se pensa a longo prazo em nosso Grêmio, e que cada presidente, desfaz o que a gestão anterior fez, muitas vezes sem nem sequer pensar, se informar e conhecer de verdade o trabalho feito anteriormente.
Cito aqui um rápido exemplo de Grêmio que jogava da mesma forma. Na era Felipão, na década de 90, o Grêmio possuía 3 times: o principal, o banguzinho (um misto) e mais um, que disputavam Libertadores, Copa do Brasil e Gauchão, ao mesmo tempo. Todos os 3 times jogavam iguais, haviam jogadores com qualidades e características aproximadas, substitutos que saberiam o que fazer se fossem solicitados a jogar no grupo principal, da mesma forma. Mas mesmo assim, muito longe do ideal, porém, acredito que todos lembram, foi uma época vencedora.
Como torcedores, e associados, queremos ver nosso clube bem, assistir jogos de qualidade, ver jogadores jogando com vontade, ver organização em campo e na gestão do clube, pois o que se tem visto é uma anarquia geral, desorganização, principalmente no que se refere a administração, trocas de treinadores a cada 2 ou 3 meses e 1 grupo de jogadores montado por ano, sem sequer ter uma base.
Alguém pode dizer aqui: mas você não pode comparar o Barcelona com o Grêmio, o poder aquisitivo de um clube e de outro não podem ser comparados. Respondo: Claro que não, mas a organização administrativa e do futebol podem ser semelhantes e com certeza daria certo, e outra, não precisamos de Messi e companhia para ganhar uma Libertadores. O único problema em se tentar fazer algo no Grêmio são as divergências políticas e as trocas de presidente a cada 2 anos, pois isso não acontece lá. Mas a solução é deixar as picuinhas de lado, pensar juntos pelo bem do clube e entrar em consenso de que o futebol do Grêmio precisa disso.
Até que isso aconteça, vamos viver altos e baixos ( só baixos nos últimos 10 anos…) e ler trocas de farpas entre os “grandes” administradores do clube via imprensa e redes sociais.
Douglas Sari